domingo, 31 de maio de 2015

GOSHO: UM BARCO PARA ATRAVESSAR O MAR DE SOFRIMENTOS


                                                           
                                   
“Nos últimos dias da Lei, o devoto do Sutra de Lótus aparecerá infalivelmente. Quanto piores forem as adversidades que recaírem sobre o devoto, maior será a alegria que ele sentirá devido à sua forte fé. O fogo não arde mais intensamente quando a lenha é adicionada? Todos os rios desembocam no mar; no entanto, poderia ocorrer de o mar rejeitar as águas deles? As torrentes de adversidades desaguam no mar do Sutra de Lótus e avançam contra o seu devoto. Assim como o oceano não rejeita as águas dos rios, o devoto não rechaça o sofrimento. Se não fosse pelo fluxo dos rios, não existiria mar. Da mesma forma, sem as adversidades, não existiria devoto do Sutra de Lótus. Conforme Tiantai declarou: “Os rios correm para o mar, e a lenha faz o fogo crepitar mais intensamente.”
(...)
O Grande Mestre Miaole declarou: Mesmo uma única frase, guardada no fundo do coração ajudará a chegar ao outro lado da margem. Ponderar sobre uma única frase e aplica-la é exercer a navegação.” Somente o barco do Nam-myoho- rengue-kyo possibilita alguém atravessar o mar dos sofrimentos do nascimento e da morte.”
CENÁRIO HISTÓRICO
Esta carta foi escrita por Nitiren Daishonin em 1261, sendo direcionada a Shiiji Shiro, amigo de dois de seus importantes discípulos: Shijo Kingo e Toki Jonin.
Neste gosho, Nitiren esclarece que o Nam-myoho- rengue-kyo é como um barco, que ajuda as pessoas dos últimos dias da Lei (época atual), a atravessar o grande mar de sofrimentos que se manifestam durante a vida.
Vivemos em um mundo denominado Saha, palavra que em sânscrito significa resistência, ou seja, viver é antes de tudo resistir aos sofrimentos.
Já nascemos sob a égide dos quatro sofrimentos: nascimento, doença, velhice e morte e também sob a influência de carmas criados em outras existências, os quais se manifestam incessantemente ao longo de nossa vida atual.
Vivemos sob os auspícios  dos sofrimentos reais (doenças, dores físicas, fome, etc...) e também sob a influência de sofrimentos imaginários, oriundos da comparação com outras pessoas, quando o muito já não é o suficiente.
Então, como sobreviver a esse cataclisma de sofrimentos? Como construir uma vida feliz dentro de uma sociedade injusta e de uma realidade com poucas perspectivas? Como já dizia a canção: “A sombra do futuro e a sobra do passado, assombram a paisagem.”
Neste gosho, Nitiren responde a estas perguntas sob a perspectiva do budismo. Segundo ele, o Nam-myoho-rengue-kyo é como um barco que ajuda as pessoas a atravessar a torrente de sofrimentos com a qual nos deparamos ao longo da vida.
Isso porque, quando oramos Nam-myoho-rengue-kyo, nossa natureza de Buda é ativada, e por isso ampliamos a nossa perspectiva, enxergando além da nossa situação atual. Desenvolveremos também a sabedoria que possibilita visualizar as possíveis soluções, a coragem para sair da nossa condição de conformismo, colocar nossas idéias em prática, transformando o que precisa ser transformado e benevolência para ajudar outras pessoas que também sofrem.
Ou seja, adquirimos a condição de protagonistas de nossa própria história ao invés de meros expectadores de um autor chamado destino neste cenário chamado vida.