segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O INFERNO É A TERRA DA LUZ TRANQUILA





“Nem a terra pura nem o inferno existem fora de nós, ambos se encontram apenas em nosso coração. Aquele que desperta para isso é chamado buda, e aquele que o ignora é chamado mortal comum. O Sutra de  Lótus revela essa verdade, e aquele que abraça este sutra perceberá que o inferno é a própria Terra da Luz Tranquila.”
(...)
“Do índigo, um azul ainda mais forte.” Esta  passagem indica que ao mergulhar algo repetidas vezes na tintura de índigo, o resultado será um azul ainda mais intenso que o das próprias folhas da planta. O Sutra de Lótus é como o índigo, e o poder da fé de uma pessoa é como o azul que se torna cada vez mais intenso.”

Nitiren Daishonin dirigiu este gosho a esposa do então falecido Nanjo Hyoe Shichiro, também conhecido como lorde Ueno.”

CENÁRIO HISTÓRICO
No primeiro trecho destacado, Nitiren esclarece que o inferno e a terra da luz tranquila se encontram dentro do próprio coração humano.  Ou seja, os dez mundos (Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade, Alegria, Bodisatva e Buda) existem no interior de nossa própria vida e se manifestam através dos dez fatores, quais sejam: aparência, natureza, entidade, poder, influência, causa interna, causa externa, efeito latente, efeito manifesto e consistência do início ao fim. Por outro lado, esta constatação nos proporciona o poder de transformar nosso estado de vida básico através da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo.
No segundo trecho em destaque, Nitiren Daishonin exalta mais uma vez o poder da fé. O Sutra de Lótus é o mesmo, entretanto, a  manifestação dos benefícios oriundos da prática do budismo  tem relação com o tamanho da fé que cada pessoa apresenta e com seu poder de perseverar neste caminho.

Em resumo, neste trecho do gosho, Daishonin revela a importância de se fortalecer a nossa convicção, para que possamos desfrutar de mais benefícios e boa sorte em nossa vida.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

AMENIZAÇÃO DO EFEITO CÁRMICO



“O Sutra Nirvana expõe o princípio de amenizar o efeito cármico. Se uma pessoa, na presente existência , não erradicar o carma negativo acumulado desde o passado, ela experimentará o sofrimento do inferno do futuro. No entanto, se enfrentar grandes obstáculos nesta vida [pelo Sutra de Lótus], o sofrimento do inferno se desvanecerá instantaneamente. E, quando morrer, essa pessoa obterá os benefícios dos mundos humano e celestial, e também dos mundos dos três veículos e do veículo único. Não foi sem motivo que o bodisatva Jamais Desprezar foi maltratado, difamado, apedrejado e agredido com bastões. Ele provavelmente havia caluniado o ensinamento correto no passado. A frase “quando os crimes tiverem sido erradicados”, indica que pelo fato do bodsatva Jamais Desprezar ter enfrentado perseguições, ele foi capaz de extinguir os crimes de existências anteriores.( Isto conclui meu primeiro ponto).”(Coletânea dos escritos de Nitiren Daishonin, vol. I, pgs. 207 a 209). (grifei)
Cenário Histórico
No quinto dia do décimo mês de 1271, Nitiren escreveu e enviou esta carta para os três principais discípulos: Ota Saemon, um funcionário do governo; ao sacerdote leigo Soya Kyoshin; e a ponte do Darma Kimbara. Provavelmente a carta foi enviada para expressar a gratidão de Nitiren pela visita que recebeu de um destes discípulos quando se encontrava detido na residência de Homa.
Esta carta foi escrita semanas depois da fracassada tentativa do governo de decapitar Daishonin em Tatsunokuchi. Nesta época uma onda de incêndios e assassinatos devastou Kamakura, sendo os seguidores de Nitiren Daishonin acusados destes crimes. Por esta razão, Nitiren Daishonin enviou uma série de cartas de incentivos aos seus seguidores que se encontravam abalados pelos acontecimentos.

Neste Gosho, Nitiren Daishonin elucida que os obstáculos encontrados por propagar o budismo de Nitiren Daishonin possibilitam à pessoa erradicar o carma negativo acumulado existência após existência, como também atingir o estado de Buda.

A CARTA DE SADO



“Aquele que escala uma montanha, mais cedo ou mais tarde terá que descê-la. Aquele que despreza o outro será desprezado. Aquele que despreza o outro, por este possuir uma bela aparência, nascerá com uma aparência feia. Aquele que rouba alimentos e roupas cairá infalivelmente no mundo dos espíritos famintos. Aquele que ridiculariza uma pessoa digna que observa os preceitos nascerá numa família pobre e de posição baixa. Aquele que calunia uma família que abraça o ensinamento correto nascerá num lar que mantém visões errôneas. Aquele que ridiculariza quem observa fielmente os preceitos nascerá como um plebeu e será perseguido pelo soberano. Esta é a lei geral de causa e efeito.
No entanto, meus sofrimentos não se atribuem a esta lei causal. No passado, desprezei os devotos do Sutra de Lótus. Ridicularizei também o próprio sutra, algumas vezes com exagero; outras com desdém – esse sutra, tão maravilhoso quanto duas luas brilhando lado a lado, duas estrelas juntas, um monte Hua sobre outro ou duas pedras preciosas juntas. É por isso que eu enfrentei os oito tipos de sofrimento mencionados. Normalmente, esses sofrimentos aparecem um de cada vez e perduram pelo infinito futuro. Porém, Nitiren denunciou os inimigos do Sutra de Lotus de maneira tão voraz que todos os oito sofrimentos se manifestaram de uma só vez. Isso se assemelha ao caso do camponês que tem uma enorme dívida para com o senhor do seu vilarejo e outras autoridades. Enquanto o camponês permanecer no vilarejo ou no distrito, ao invés de pressioná-lo sem piedade, seus credores talvez prolonguem o pagamento ano após ano. Porém, se o camponês tentar ir embora, eles o cercarão e exigirão que pague tudo de uma vez. A isso se refere o Sutra Parinirvana com a frase: “É pelo benefício obtido por proteger a lei.”
O Sutra de Lótus ressalta: “Haverá muitas pessoas ignorantes que o caluniarão e falarão mal de nós, que nos atacarão com espadas e bastões, pedras e telhas...recorrerão aos governantes, ministros, brâmanes, chefes de família e a outros monges e nos caluniarão...seremos banidos repetidas vezes. Se os ofensores não forem atormentados pelos guardiões do inferno, eles jamais conseguirão [pagar por suas faltas e] escapar do inferno. Se não for pelos governantes e ministros que agora me perseguem, eu não poderia erradicar meus crimes passados de calúnia ao ensinamento correto.”
Cenário Histórico
Esta carta foi escrita no vigésimo dia do terceiro mês de 1272, aproximadamente cinco meses após Nitiren Daishonin ter chegado ao local de exílio na Ilha de Sado. Daishonin a endereçou a Toki Jonin, um samurai e destacado serviçal do senhor feudal Chiba, comandante militar da província de Chimosa, a Saburo Saemon (Shijo Kingo), em Kamakura; e a outros fiéis seguidores.
(...)
Na última parte da carta, Daishonin oferece uma explanação abrangente sobre carma, ou destino. Declara que as dificuldades pelas quais passava naquele momento derivam das ações por ele cometidas contra o Sutra de Lotus numa existência anterior. Citando a si mesmo como exemplo, elucida aos discípulos o tipo de espírito e de prática que lhes permitirão transformar o carma. Ele completa dizendo que as pessoas que propagam o ensinamento correto do budismo com certeza enfrentarão oposições que, na realidade, representam oportunidades para transformar o carma. Aos que abandonaram a fé e passam a criticar,  Daishonin adverte que, por essas ações, essas pessoas sofrerão as piores consequências.Ele compara a falta de visão dessas pessoas aos vagalumes que ridicularizam o Sol.”( Coletânea dos escritos de Nitiren Daishonin, volume 1, pgs.324 e 325)



A FELICIDADE NESTE MUNDO


“Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o Nam-myoho-rengue-kyo. O sutra diz: "... onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos”A que outro significado essa passagem poderia referir-se senão à alegria ilimitada da Lei?Com certeza o senhor conta entre os “seres vivos”. “Onde” indica Jambudpiva, e o Japão se encontra em Jambudpiva. Poderia a expressão “vivem felizes e tranquilos” significar outra coisa senão que nosso corpo e nossa mente, nossa vida e nosso ambiente são entidades dos três mil mundos num único momento da vida e budas de alegria ilimitada?
Não há felicidade maior do que manter a fé no Sutra de Lótus. Esse é o significado de “paz e segurança na presente existência e boas circunstâncias nas existências futuras.”Ainda que surjam problemas seculares  nunca permita que estes o perturbem. Ninguém pode evitar problemas, nem mesmo veneráveis e reverenciáveis.
 Beba saquê somente em casa com sua esposa e recite Nam-myoho-rengue-kyo. Sofra o que tiver de sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado. Considere tanto o sofrimentos como a alegria como fatos da vida, e continue orando o Nam-myoho-rengue-kyo, não obstante o que aconteça. Que outro significado isso poderia ter senão a alegria ilimitada da Lei? Fortaleça a sua fé mais do que nunca.
Com meu profundo respeito,
Nitiren
Em 27 de junho de 1276
(Coletânea dos Nitiren Daishonin, volume I, pp.713/714)
CENÁRIO HISTÓRICO
Nitiren Daishonin endereçou esta carta a um de seus principais discípulos, chamado Shijo Kingo. Vale lembrar que Shijo um samurai  que serviu a família Ema, uma ramificação do clã governante, Hojo.
Daishonin expressou uma profunda benevolência quando endereçou esta carta a ShijoNa época, Shijo Kingo, pois este passava, naquele momento, por inúmeras situações difíceis em seu trabalho, correndo o risco de perder a própria vida por haver tentado converter seu lorde, Ema Mitsutoki, aos ensinos de Nitiren Daishonin.
Neste escrito, Nitiren afirma que a verdadeira felicidade se encontra na recitação do Nam-myoho-rengue-kyo e na manutenção da fé no Sutra de Lótus, uma vez que este promete paz e segurança na presente existência e boas circunstâncias nas existências futuras.”
Daishonin ainda incentiva seu discípulo dizendo que os sofrimentos e as alegrias fazem parte da vida, e que ele deve continuar recitando Nam-myoho-rengue-kyo não importando qual circunstância venha a se manifestar: sofrimento ou alegria.







ATINGIR O ESTADO DE BUDA NESTA EXISTÊNCIA






"Se deseja libertar-se dos sofrimentos do nascimento e da morte - suportados desde o tempo sem início- e atingir a iluminação suprema nesta existência, deve despertar para a verdade mística inerente nos seres vivos. Essa verdade é Myoho-rengye-kyo. A recitação do Myoho-rengue-kyo lhe possibilitará compreender a verdade mística inata em cada vida.
(...)
Contudo, mesmo que recite e acredite no Nam-myoho-rengue-kyo, se pensa que a lei existe fora do seu coração, o senhor não está abraçando a Lei Mística, mas um ensinamento inferior. (...) Assim, quando o senhor recita myoho e pronuncia  rengue, deve ter a profunda fé de que o Myoho-rengue-kyo é sua própria vida.
(...)
Se buscar a iluminação fora de si, então,  mesmo que realize dez mil práticas e dez mil boas ações, tudo será em vão. Isso se compara ao caso de um homem pobre que passa dia e noite contando a riqueza do vizinho, mas não consegue conter uma ínfima quantia em benefício próprio. É por essa razão que a escola Tiantai afirma: “Se não despertar para a própria natureza, não conseguirá erradicar os graves crimes de sua vida.”
(...)
Conta também que se a mente das pessoas é impura, sua terra será igualmente impura. Mas se sua mente é pura, assim será a sua terra. Portanto, não há duas terras – pura e impura. A diferença reside apenas no bem e no mal da própria mente.”

CENÁRIO HISTÓRICO

Nitiren Daishonin escreveu esta carta a Toki Jonin em 1255. Toki era seguidor de Nitiren e vivia em Wakamyia, na província de Shimosa.
Nesta carta, Daishonin expõe de maneira clara sua convicção de que o Nam-myoho-rengue-kyo é o único caminho capaz de conduzir as pessoas à iluminação, mas alerta, de maneira enfática sobre a necessidade de se compreender que o Estado de Buda se encontra dentro de cada pessoa, caso contrário, não será possível erradicar as ofensas cometidas no passado e transformar o carma.
Em suma, dentro de cada um de nós existe um potencial infinito e que muitas vezes desconhecemos, e se não tomarmos consciência dele, nossa prática não terá o poder de transformar o destino.